Eu,
Criatura de dois lados divinos
Sou composta de duas ou mais distinções
Formada por gêmeos siameses
Fragmentados em estilhaços de mim
Sou extremos somados a meio termos
Mas não sou a imensurável figura de Deus
Por jamais possuir a onisciencia
E por transparecer ser completa
Mas não sê-la de fato
Almejo os pedaços de um todo
Para tê-lo por completo
Mas minha sabedoria alerta que só os encontrarei
Fora deste corpo
Isenta dessa alma fracionada
Despreendendo-me de minha cognição
Sou movida por ego e valores
Por isso não sou anjo pleonástico
Mas um produto com anjo caído
Em tentações, sonhos, imperfeições
Me assemelho a meus irmãos celestes
E não distoo de meus irmãos banidos
Anjos são perfeitos
Porém lacrados em sua natureza
Concluo então:
Se ser anjo é se libertar de pensamentos,
Sentimentos e ações espontâneas
Expando-me a ser caído
Ainda buscando a perfeição
Mesmo destinada aos anjos
Não entregando-me a perdição
Como os caídos
Assim sinto-me mais perto da onisciencia citada
Por achar saber o que é perfeito
E sentir na pele o que é ser caído