quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Auto Biografia Fragmentada

Eu,
Criatura de dois lados divinos
Sou composta de duas ou mais distinções
Formada por gêmeos siameses
Fragmentados em estilhaços de mim

Sou extremos somados a meio termos
Mas não sou a imensurável figura de Deus
Por jamais possuir a onisciencia
E por transparecer ser completa
Mas não sê-la de fato

Almejo os pedaços de um todo
Para tê-lo por completo
Mas minha sabedoria alerta que só os encontrarei
Fora deste corpo
Isenta dessa alma fracionada
 Despreendendo-me de minha cognição

Sou movida por ego e valores
Por isso não sou anjo pleonástico
Mas um produto com anjo caído
Em tentações, sonhos, imperfeições

Me assemelho a meus irmãos celestes
E não distoo de meus irmãos banidos

Anjos são perfeitos
Porém lacrados em sua natureza
Concluo então:
Se ser anjo é se libertar de pensamentos,
Sentimentos e ações espontâneas
Expando-me a ser caído

Ainda buscando a perfeição
Mesmo destinada aos anjos
Não entregando-me a perdição
Como os caídos
Assim sinto-me mais perto da onisciencia citada
Por achar saber o que é perfeito
E sentir na pele o que é ser caído

Relato de Um Anjo Pleonástico

Nós,
Seres sem gênero
No plural e de grau superlativo
Somos libertos e confinados
Como criaturas
Somos rocha lapidada com perfeição
Carvão gerado no fogo ardente
Até a formação do diamante
Pleonásticos nas vozes mortais
Por sermos anjos
e por isso já perfeitos
Não sentimos.
Apenas possuímos definições
e somos espelhos da vontade de nosso pai
Não expressamos e não podemos representar
Apenas ser
Guiados por luz sem tocar nas sombras
Para não nos unir aos caídos
Não possuímos inveja para usa-la
Perante os sentimentos humanos
Não podemos odiar aqueles
Cujo pecado carrega multidões
Não nos permitem Ser na definição humana
Por não possuirmos corpo
E para aqueles cujo apenas os olhos
Revelam a verdade
Não passamos de ilusões
ou histórias para influência e poder
Mas não possuímos ego
Para clamar por exsitência

Relato de Um Anjo Caído


Coisa,
marginalizada e funesta
e não sei se por incomodar
ou por ainda fazer parte de algo maior
Perseguida e Paranóica
Me desfiz de ser criatura
Para ser renegado
Um filho que jamais será pródigo
Aparento o medo
mas me singe-lo a ser caído
Crítico do mundo de fora
E do amago da ilusão
Mundo dominado por mortais que não enxergam
Ou preferem não enxergar
Mas por pouco não se assemelham a mim
Se cegos querem ser, então cegos serão
Antes eu era irmão dos celestes
Agora sou veneno para a candida alma
toque de sombra leprosa que penetra carne e coração
Mas a epidemia é gerada por homens
Após a queda
Explosiva, ardente, rasgante…amarga
Me ensinaram a ser  escória
Mas por isso ouço tudo e todos
Onde ninguém mais quer ouvir
Neste mundo físico
Eu existo, sou observado, sentido…odorizado
Sou condenado por quem tem poder
Difamado por falsos moralistas
Mas não me zango, só ironizo
E espero eles passarem por mim
Descerem até mais do que caí
Para encontrarem o verdadeiro caos eterno
Quando se aproximam os Bons com más intenções
Eu os apresento meu ser nessa nova versão do mal
Mas para aqueles que enfrentam o medo
Os liberto do desconhecido
E mostro aquilo que naõ esperavam ver
Caído, porém anjo

Visão Turva

Os olhos pesados me privam de um pensamento lógico
A visão turva e distorcida
Gera uma dúvida
Estou no mais inóspito sonho
Ou desconectando-me da realidade aos poucos?
A sonolência é doce quando bem aceita
mas a rotina me força a afastá-la
Teimosa
Olho em volta e vejo que não sou a única
a me manter exausta
Olhos fundos e vazios
Estampam rostos desconhecidos
Mas com mesma propriedade
O sono
Sons e ruídos não me impediriam de dormir
Mas a vida urbana, esta é chata e insatisfeita
O estresse gera a insanidade
Talvez por isso me sinta louca
Por uma cama e pela liberdade
Dos deveres
Falta-me tempo
Falta-me descanço
Falta-me vida

O só

Solidão sólida só lida
Sob a solidez de um sol só
O solado sola o solo
Ao som do sol e lá
Sólidos ão de ser os sons
Solitários a sós
Lá sólido é e só luta
Só ao lado de só
Soluta solução sentir o
Sol do lado de lá
Solidão com sua solidez
É um solitário a sós

Não há nada que represente melhor e tão claramente os sentimentos do amago da alma do que a música clássica… Nove horas da noite e digito devagar me distraindo com o soar das teclas do piano que só existe nos meus pensamentos involuntários. Permito minhas mãos a ficarem pesadas mas ainda possuírem movimentos suaves, esse é o meu estado mais íntimo que não consigo despertar em algumas partes de meus dias, meses e até anos.
Me sinto doente, meu estomago não está bem (o jantar foi algo encaixotado e congelado com um gosto nada agradável de química cancerígena).
Estou cansada, mas o prazer doloroso me cativa… Como uma masoquista, deixo-me ouvir e sentir minha dor mais profunda, influenciada por minha geração (enclausurada na própria ideologia limitada) descontente e sofredora… Não sabemos o que é sofrer fisicamente, então apelamos para o “estilhaçamento” da alma, que gera a doença física e a desintegração humana de dentro para fora.
Não permitirei a insanidade, nem a negação do viver, mas as sombras, ás vezes são bem vindas… Quero parar de chorar mas não hoje e nem agora, preciso disso para me sustentar.
Fico imaginando imagens de como poderia ter sido… Mas não consigo achar que poderia ter sido melhor, não consigo me ver feliz e plenamente satisfeita… Na verdade me imagino em uma vida maçante e descontente. A atual, ao menos, de maçante não possuí nada.
Ouço as teclas soando pesadamente, como ódio, revolta, mas logo retornam a suavidade e melancolia da música em si… Não associo a outra palavra senão Bipolaridade.
Não a possuo, nem acho agradáveis àquelas pessoas que se dizem doentes e não são… Mas na verdade são, por lamuriarem as doenças… De belas elas não possuem nada.
Alguns não fazem ideia do quanto queria que meus textos fossem mais felizes… Alguns até o são… Mas não representam essa minha fase… Então os deixarei para um estado de espírito melhor.
Não me acho mais simpática, na verdade, estou afastando as pessoas, o que não me pesa nem influência minhas ações, o que me gera um alívio e liberdade.
Aprendi a dar valor a pequenos gestos que consolam a falta de ações grandiosas, minha felicidade não é mais feita de dias inesquecíveis, mas moldada de momentos sublimes. É incrível como um simples sorriso e palavra de carinho podem mudar seu dia e fazer você se sentir confiante, a partir daí, crio uma felicidade prolongada, pelo menos até o próximo nascer do Sol. Aprendi que nós geramos nossa própria felicidade os outros apenas a admiram ou a invejam. Mas deixemos ela para outra ocasião e voltemos a beethoven…

Reflexo

Passos cuidadosos, lentos
Busca da luz em um quarto escuro
Sou eu,
minha imagem em um espelho
E Meu retrato me olha
com um doce sorriso da parede
O que vejo hoje é tão diferente
Do que vejo do passado
O formato do rosto
O cabelo
A expressão inocente continua
Apenas em alguns momentos
Mas vejo um vestígio
Um medo antigo
Meus olhos, do castanho vivo
Torna-se vermelho e brilham
E a luz que neles existe
Escoa por minha face
O que vejo é o que sempre quis ver
Mas durará tão pouco.
Anos esperando e tão logo
Se acaba.
Mas existem coisas tão belas e doces
Com este fim… Elas geram começos
E saudades.
Não… que sejam lembranças
Porque a saudade corrói
E as lembranças geram esperança
De que sempre existirão novas lembranças.